O registro da desordem

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Divagando sobre as inutilidades próprias.

Talvez eu esteja entrando em pânico. Talvez não. Eu estou. Digo, eu escrevo desde sempre, isso é fato. Sempre tive a necessidade latente de escrever, e as palavras me vêm como um jorro, um vômito inevitável e inconveniente (ou nem tão inconveniente assim). Mas veja bem, eu só escrevo porcaria. Baboseiras sem utilidade, delírios de uma mente caótica como a minha, coisas inofensivas (ou não!). Eu sei, nada de muito importante, muito menos algo que cause angústia. Alguns até poderiam perguntar: 'Porque diabos essa criatura está entrando em pânico?' Bem, eu explico. Mas façamos isso de modo adequado...
Eu fiz a prova do processo seletivo da católica no fim de 2007, optando por entrar no segundo semestre no curso de jornalismo. Fui aprovada, fiz matrícula e fiquei esperando, como qualquer pessoa faria. Até aí, tudo ok. Durante os primeiros meses das minhas férias prolongadas (oito meses é um bocado de tempo, amorzinho), tava tudo um xuxu. E digo isso de coração, percebe? Ficar em casa um tempão, dormir até tarde (ou não, afinal de contas), e outras regalias tão, ou mais, atrativas quanto. Mas aí, o primeiro problema surgiu: o ócio.
Entenda... eu não fiquei fazendo realmente NADA. Tratei de ocupar meu tempo com cursos de línguas, idas ao shopping, longas horas escrevendo. Mas temos que concordar que, ainda assim, não é a mesma coisa de estar REALMENTE ocupado, com faculdade, trabalho e afins. E sim, o ócio também ataca os semi-atarefados (Neologismo?). Então, o que aconteceu? Bem, simplesmente minha mente começou a vagar por aí. Tá, em se tratando da criatura que eu sou, qualquer um diria que isso é absolutamente normal, mas o grande ponto não está aí, e sim no fato de que, em um certo ponto, esse 'por aí' acabou por ser 'lugares os quais seria melhor se minha mente mantivesse distância'. Traduzindo para o português simples, eu comecei a divagar sobre minhas decisões.
Veja se meu conflito fica claro: eu simplesmente não sei porque diabos eu fui escolher jornalismo na hora de prestar vestibular. Não sei. Digo, eu tenho plena consciência de que sou necessitada de palavras, que preciso escrevê-las e falo pelos cotovelos, o que prova ainda mais a minha 'teoria' (ou lei, já que é assim que uma teoria passa a ser chamada quando provada. Cientificamente, claro, mas deixemos isso de lado), mas ainda assim eu não se se é motivo suficiente para ter escolhido o bendito curso. Mas vá lá, dêem-me um desconto. Todo mundo tem esses conflitos, eu acho. Ou talvez não, mas eu ainda rezo pra não ser uma minoria.
Desesperos comuns (ou não) à parte, com o tempo eu fui deixando a coisa toda pra lá e fui me acostumando com a idéia de entrar na barca com a força toda, tipo 'tá no inferno? Abraça o capeta!' ou coisa parecida. Mas sabe, eu cometi um erro super, super idiota: eu realmente acreditei que é tudo cor-de-rosa e que o problema já estava 100% solucionado. Querido, veja bem, eu já disse que a vida é uma filha-da-mãe sacana que gosta de pegar as pessoas de surpresa? Porque se eu não disse, tô dizendo agora. Então perceba que a coisa não foi bem do jeito que eu pensei que ia ser. A coisa não estava resolvida, nem de longe, e só voltou com força total quando eu, toda saltitante, conheci minha turma da faculdade, que já se reúne mesmo sem ter aula.
Fato: eu simplesmente me deliciei em conhecer meus futuros colegas de classe, e já tenho a coragem de chamar alguns de amigos, inclusive. Definitivamente, uma família divertidíssima e super cabeça. E aí é que mora a causa do meu surto. Minha mente, já naturalmente caótica, demorou pra processar as informações, mas finalmente conseguiu. O fato é que todo mundo que vai estudar comigo, ao menos é o que parece, tem talento e motivo para estar neste curso. E bem... digamos que eu não. Digo, hoje mesmo eu entrei no blog da turma, e daí fui sendo jogada pela minha pequena curiosidade para blogs além, pertencentes à minhas colegas de classe, e fui vendo o nível dos textos produzidos pelas mesmas. Resultado? Pânico geral, certo? Tipo, OI, eu só escrevo porcaria, inutilidade, enquanto elas escrevem de tudo! Cada uma tem um jeito diferente, um dom com as palavras que encantaria à Machado, um quê todo atraente de chamar leitores. E eu, o que tenho? Eu tenho um vômito constante de palavras incessantes e inconvenientes, que nem ao menos encontram utilidades aceitáveis. Além do mais, eu sou péssima em gramática.
Agora mesmo eu li a primeira postagem do blog de Clara. Um texto simples, um assunto irrelevante mas gostoso, um jetinho todo 'Clara' de 'falar'. Brilhante, percebe? Mas tá certo, sem surtar. Acho que, no fim das contas, as coisas sempre são sobre você se convencer do seu próprio valor e saber valorizar o que você faz. Cada um com seu jeito, com suas utilidades ou inutilidades, e viva o direito de expressão, mesmo que este seja um CU (sem acento, porque cu não tem acento). E então é isso. Cada macaco no seu galho ou, como minha professora de inglês tava falando um dia desses, 'Ado, aado, cada um no seu quadrado' (que coisa idiota, sinceramente).
De qualquer forma, com licença, que eu vou ali arrancar as páginas do meu diário e jogar na privada.

Mayara não tem um diário e nem entrou em pânico porque as pessoas escrevem bem, mas o resto é 100% verdade. Ou quase isso.

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